Introdução Contextualizada
Ao longo da história, o dinheiro emergiu de forma orgânica, a partir da ação humana voluntária em mercados livres, e não por imposição estatal. A chamada Teoria da Regressão do Valor Monetário, proposta por Ludwig von Mises, resolve o "paradoxo circular" do dinheiro explicando que ele só pode surgir se, em algum ponto do passado, tiver tido utilidade não monetária. O artigo de J.P. Mayall parte dessa base da Escola Austríaca e busca validar essa teoria à luz do Bitcoin, incorporando ideias modernas de Nick Szabo e Saifedean Ammous, dois gigantes do pensamento monetário cibernético e libertário.
Principais Ideias do Texto
Coletáveis Tecnológicos e Utilidade Pré-Monetária
Bitcoin é interpretado como um “tecnological collectible”, ou seja, um item inicialmente valorizado por suas propriedades técnicas, estéticas ou simbólicas — como escassez verificável, resistência à censura e descentralização. Essa perspectiva resgata os estudos antropológicos de Szabo sobre objetos como conchas e pedras Rai, que também possuíam valor simbólico antes de se tornarem moedas.A Transição para Dinheiro Sonante
Mayall argumenta que o Bitcoin passa por um processo evolutivo semelhante ao ouro e à prata, transformando-se de ativo especulativo (ou “curiosidade nerd”) em meio de troca, unidade de conta e reserva de valor — os três pilares da função monetária. Essa transição ocorre por ordem espontânea, sem coerção estatal, corroborando as ideias de Hayek sobre competição monetária.Refutação de Críticas Materialistas
O autor rebate críticas que desmerecem o Bitcoin por não ter “valor intrínseco físico”. A resposta? Valor é subjetivo. O que importa não é a fisicalidade do objeto, mas sua utilidade percebida. Bitcoin tem valor porque atende demandas reais: soberania, segurança e neutralidade monetária. O texto recupera a tradição austríaca de Menger e Rothbard ao enfatizar a origem subjetiva do valor econômico.Bitcoin e Hiper-Monetização Paradigmática
O processo de adoção do Bitcoin é visto como um caso de hypermonetization, ou seja, a rápida substituição de moedas fracas por uma moeda superior — algo previsto por Mises. A tese é que, em tempos de inflação, censura e abuso estatal, o Bitcoin atrai uma adoção crescente justamente por ser uma alternativa antifrágil e ideologicamente neutra.
Análise Crítica com Perspectiva Libertária
O artigo é uma verdadeira bomba contra os defensores do dinheiro estatal — os soças de sempre. Ele mostra que o Bitcoin não apenas pode ser dinheiro, mas que é a expressão moderna da teoria austríaca em ação. A tradição de Mises, Hayek e Rothbard encontra continuidade na prática dos cypherpunks e nos escritos de Szabo e Ammous. O texto destrói o argumento de que o Estado deve “gerir” a moeda, provando que a inovação e a liberdade são mais eficazes na construção de ordens monetárias legítimas.
Além disso, o ensaio reforça a ideia de que o Bitcoin representa uma revolução ideológica: não se trata apenas de código, mas de uma rejeição ética ao fiat, ao Keynsianismo e à violência monetária institucionalizada. Em tempos de CBDCs, inflação crônica e censura bancária, a validação da teoria da regressão por meio do Bitcoin é um golpe direto no coração do sistema fiduciário global.
Conclusão Enfática
Em síntese, J.P. Mayall oferece uma contribuição valiosa ao pensamento austríaco ao reinterpretar a Teoria da Regressão à luz do fenômeno Bitcoin. O texto demonstra que o Bitcoin não viola a tradição de Mises — ele a confirma, atualiza e amplia. É uma ode à praxeologia, à liberdade individual e à descentralização.
Para os libertários puristas e bitcoinheiros convictos, trata-se de uma leitura obrigatória. Para os soças e keynesianos, um lembrete desconfortável: o mercado vence, o Estado sangra... e o Bitcoin não perdoa.