A BlackRock se rende ao Bitcoin
A BlackRock é uma das maiores empresas de gestão de investimentos do mundo, lançou na última terça-feira dia 17/9 um relatório sobre o Bitcoin chamado: "Bitcoin: A Unique Diversifier".
A seguir, estão os principais pontos expandidos:
1. Histórico e Evolução do Bitcoin: O Bitcoin, criado em 2009, tem evoluído de uma curiosidade tecnológica para uma classe de ativo amplamente reconhecida. O documento ressalta que, embora ainda seja relativamente novo, o Bitcoin já atingiu uma capitalização de mercado de trilhões de dólares e se destaca por suas características fundamentais: Descentralização: O Bitcoin opera sem a necessidade de intermediários financeiros ou governamentais, o que o diferencia de moedas fiduciárias. Oferta limitada: O Bitcoin tem um suprimento máximo de 21 milhões de unidades, o que evita a inflação e a desvalorização por excesso de emissão, problemas comuns em sistemas monetários tradicionais. Adoção global: Com mais de 580 milhões de pessoas possuindo criptomoedas, o Bitcoin representa mais de 50% do valor total desse mercado.
2. Desempenho e Diversificação: O documento aborda o desempenho do Bitcoin ao longo de sua história, destacando sua volatilidade extrema, mas também seu retorno substancial. Em sete dos últimos dez anos, o Bitcoin superou todas as principais classes de ativos, com retornos anuais superiores a 100%. No entanto, em três dos anos restantes, foi o ativo de pior desempenho, apresentando quedas superiores a 50%. Apesar dessas flutuações, o Bitcoin tem mostrado uma capacidade de recuperação e, em muitos casos, de atingir novos recordes de preço após períodos de baixa. Essa característica o torna um ativo atraente para investidores que buscam retornos assimétricos — ou seja, um ativo que pode proporcionar altos retornos potenciais em comparação aos riscos assumidos. O documento também faz uma comparação entre o Bitcoin e outras classes de ativos durante eventos geopolíticos importantes, como: Escalada das tensões EUA-Irã em 2020: o Bitcoin teve uma alta de 12% nos 10 dias seguintes, superando tanto o S&P 500 quanto o ouro. Invasão da Ucrânia pela Rússia em 2022: o Bitcoin inicialmente caiu, mas se recuperou rapidamente com um retorno positivo de 15% após 60 dias.
3. Correlação Baixa com Outros Ativos: Uma das principais razões pela qual o Bitcoin pode ser visto como um diversificador único é sua baixa correlação de longo prazo com outras classes de ativos, como ações e títulos. Enquanto o ouro, tradicionalmente considerado um "porto seguro", tem uma correlação média de 0,1 com o S&P 500, o Bitcoin tem uma correlação média de 0,2, o que ainda é baixo, mas ligeiramente mais conectado aos movimentos do mercado. O documento observa que, embora o Bitcoin possa apresentar episódios de correlação positiva com ativos de risco em momentos de estresse de mercado (como durante crises de liquidez ou rápidas mudanças nas taxas de juros), esses episódios tendem a ser de curto prazo. Em horizontes mais longos, o Bitcoin tem se mostrado descorrelacionado, o que o torna um ativo interessante para quem busca diversificação em portfólios tradicionais.
4. Impacto em Portfólios Tradicionais: Quando adicionado a um portfólio tradicional de 60% em ações e 40% em títulos, o Bitcoin mostrou melhorar o retorno ajustado ao risco (medido pelo índice de Sharpe), especialmente em alocações modestas (por exemplo, 1% a 5%). No entanto, se a alocação ao Bitcoin aumenta substancialmente, a volatilidade do portfólio também aumenta, o que pode não ser adequado para todos os investidores.
5. Riscos Específicos do Bitcoin: O documento reconhece que o Bitcoin ainda é um ativo altamente especulativo e enfrenta vários riscos, incluindo: Regulação: Governos em todo o mundo estão apenas começando a desenvolver regimes regulatórios para criptomoedas. Mudanças repentinas na regulação podem afetar drasticamente o valor do Bitcoin. Adoção: Embora o Bitcoin tenha crescido significativamente em popularidade, ainda não é amplamente utilizado como meio de pagamento, e seu futuro como uma moeda global ou reserva de valor permanece incerto. Ecossistema imaturo: O mercado de criptomoedas ainda é jovem, o que significa que há vulnerabilidades em termos de segurança (hackings, perda de chaves privadas) e infraestrutura (exchanges e provedores de custódia).
6. Futuro do Bitcoin como Alternativa Monetária: O documento sugere que o Bitcoin pode se tornar uma reserva de valor e até mesmo uma alternativa global ao sistema monetário atual, especialmente em tempos de instabilidade fiscal ou monetária. À medida que crescem as preocupações sobre o endividamento dos Estados Unidos e outros países, bem como a sustentabilidade política e monetária, o Bitcoin pode ser visto como um hedge contra esses riscos sistêmicos.
7. Conclusão: A principal conclusão do documento é que o Bitcoin, apesar de sua volatilidade e riscos, pode ser uma ferramenta valiosa para diversificação de portfólios, especialmente em cenários de incerteza macroeconômica. Ele oferece uma exposição única a uma classe de ativos não correlacionada e que, a longo prazo, pode proporcionar retornos substanciais. Contudo, sua alocação deve ser cuidadosa e adequada ao perfil de risco de cada investidor, sendo mais eficaz em porcentagens modestas para evitar aumentar excessivamente a volatilidade do portfólio. Em resumo, o Bitcoin não é simplesmente uma "aposta de risco", mas sim um ativo emergente com características que o tornam potencialmente valioso em um cenário global em rápida mudança, particularmente em face de incertezas fiscais, geopolíticas e monetárias.
Link para o documento completo: https://www.blackrock.com/us/financial-professionals/literature/whitepaper/bitcoin-a-unique-diversifier.pdf